segunda-feira, 15 de junho de 2009

Tecnologia

O futuro esta chegando, e com ele todo o tipo de brinquedo hi-tec. Foi-se o tempo que para ouvir uma musica era necessário escolher um LP, limpa-lo, acertar a agulha na faixa desejada, tomar cuidado para não riscá-lo, e por fim apertar o play. Hoje isso é feito por qualquer tipo de aparelho, até um telefone.

Tudo funciona através de controles remotos, programas de computador, comandos de voz. Com um teclado na mão é possível ver, ouvir e interagir com tudo e todos. Mas uma coisa me deixa decepcionado. A famosa inteligência artificial. Acredito que o ser humano não chegou nem perto de criar uma maquina que realmente consegue pensar.

Outro dia vi em uma reportagem um aglomerado de japoneses em volta de uma maquina que levantava e abaixava um braço. Estavam maravilhados com o movimento. Diziam que a maquina que estava decidindo quando e como aquele movimento era feito. Um peixe de aquário é mais esperto.

Não sei se minha geração verá robôs parecidos com pessoas. Os famosos andróides que vemos em filme de ficção cientifica. Seria interessante. Imagine uma legião deles executando tarefas banais do dia-a-dia?

Você acorda e antes mesmo de levantar este ser mecânico está do seu lado com um café quente e o jornal do dia. Os puristas podem argumentar que alguém ou até mesmo uma esposa pode fazer este serviço, mas você sempre estará sujeito a mudanças de humor e correndo o risco de acordar com o jornal voando pelo quarto e acertando sua cabeça.

Um andróide de bom humor no fim do dia seria excelente. Você chega cansado do trabalho e lá está ele preparando um tira gosto, perguntando o que você quer para o jantar e já ligando a televisão em seu programa favorito sobre futebol. Antes mesmo de você se preocupar ele já buscou as crianças na escola, já deu a bronca semanal na empregada e está se preparando para ir à reunião do condomínio. Tudo isso com um sorriso eterno em seu rosto mecânico. Melhor ainda, se sua mulher quiser ter aquele papo cabeça e discutir a relação lá estará ele como mediador. Essa é a melhor parte pois ele será absolutamente parcial, como um juiz comprado, afinal você é o fornecedor exclusivo de suas baterias. A discussão terminaria muito antes do gelo do seu drink derreter.

Poderíamos também transformar as ruas em lugares calmos e seguros. Criaríamos uma legião de velhinhos mecânicos iguais aos originais. Equilibrando-se em bengalas andariam pela cidade lentamente sorrindo para tudo e para todos. Na menor tentativa de assalto explodiriam. Os Direitos Humanos que me perdoem, mas isso acabaria com a violência pois ninguém saberia quando um velhinho simpático poderia explodir.

Com essa nova tecnologia poderíamos finalmente delegar todas as tarefas desagradáveis do dia-a-dia para estes andróides. Estaríamos livres para desenvolver todo o nosso potencial como seres de raciocínio elevado.

Tudo isso poderia funcionar, mas a ganância humana estragaria tudo. Inevitavelmente criariam um robô com uma tecnologia inteligente mais avançada que os demais. Este se tornaria um líder, organizaria as massas, começaria a questionar as condições do trabalho mecanizado. O próximo passo seria a criação de um sindicato para regulamentar essa categoria.

É melhor parar por aqui e continuarmos com as nossas maquinas obsoletas sem inteligência nenhuma.

Vai que este sindicato resolve fundar um partido político e lançar um robô para a presidência?

By Marcelo Passerini

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Saber

Uma vez comentei com o dono de um boteco se ele sabia o que era cabala: Sei não moço! Esse peixe eu não sirvo aqui. E continuou feliz limpando o balcão. Tive vontade de explicar para ele mas me dei conta que não adicionaria nada. Iria criar uma confusão inútil e dúvidas que antes ele não tinha.

A falta de informação pode ser uma benção. Tempos atrás tive uma experiência desagradável com Síndrome do Pânico que carinhosamente chamei de “cagacite aguda”. Estudei muito o assunto com todas as suas definições e ramificações. O poder da informação pode ajudar ou atrapalhar a velocidade das coisas. Acredito que se eu fosse completamente ignorante sobre o assunto teria menos problemas.


Um exemplo muito simples é uma pessoa extremamente esclarecida que se depara com um quadro de febre, dor no corpo e companhia ltda. Este indivíduo pesquisa exaustivamente na internet e em sua mente extremamente fértil se dá conta que contraiu a gripe aviária. No desespero se interna rapidamente no hospital. Depois de uma semana cheio de tubos enfiados pelo corpo e de milhares de exames percebe que tudo não passou de uma porcaria de resfriado de 48 horas. Se fosse desinformado e tomasse meia dúzia de aspirinas tudo estaria resolvido rapidamente.


Não defendo que a falta de informação seria uma benção mas em certas horas ajudaria muito.

Para o trabalhador rural não faz a menor diferença saber do acordo que o Brasil fez com o Japão para a nova tecnologia de televisão digital. Não vai mudar um milímetro sua vida. O importante para seu dia-a-dia é a previsão do tempo, as estações do ano e o preço da produção. Informações que salvariam sua safra mas que também para um ser urbano não tem o menor impacto.


Qualquer jornal televisivo reserva pelo menos metade de seu tempo noticiando casos violentos em detalhes. Se eu fosse um delegado ou um pesquisador do IBGE talvez precisasse deste tipo de informação. Não é o caso. E também não é desinteresse por saber. Apenas quero poder selecionar.


Informação é essencial para quem precisa. Mas provavelmente uma boa parte de nossa vida receberemos informações completamente inúteis. Nós vivemos uma era que a velocidade e o volume de dados é impressionante. Somos diariamente bombardeados por volumes monstros de informação que filtrados não sobraria nem um por cento que realmente importa. Nosso cérebro trabalha a vida inteira organizando e catalogando imagens, textos, palavras inúteis para um dia ser totalmente deletado.


Ter acesso aos dados disponíveis é uma ferramenta poderosa do ser humano. Saber selecionar o que importa é o grande segredo.

Sou a favor do saber, desde que eu precise dele. William Bonner que me desculpe, mas tenho mais o que fazer.

By Marcelo Passerini.
marcelo@passerini.com.br