quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Saber

Uma vez comentei com o dono de um boteco se ele sabia o que era cabala: Sei não moço! Esse peixe eu não sirvo aqui. E continuou feliz limpando o balcão. Tive vontade de explicar para ele mas me dei conta que não adicionaria nada. Iria criar uma confusão inútil e dúvidas que antes ele não tinha.

A falta de informação pode ser uma benção. Tempos atrás tive uma experiência desagradável com Síndrome do Pânico que carinhosamente chamei de “cagacite aguda”. Estudei muito o assunto com todas as suas definições e ramificações. O poder da informação pode ajudar ou atrapalhar a velocidade das coisas. Acredito que se eu fosse completamente ignorante sobre o assunto teria menos problemas.


Um exemplo muito simples é uma pessoa extremamente esclarecida que se depara com um quadro de febre, dor no corpo e companhia ltda. Este indivíduo pesquisa exaustivamente na internet e em sua mente extremamente fértil se dá conta que contraiu a gripe aviária. No desespero se interna rapidamente no hospital. Depois de uma semana cheio de tubos enfiados pelo corpo e de milhares de exames percebe que tudo não passou de uma porcaria de resfriado de 48 horas. Se fosse desinformado e tomasse meia dúzia de aspirinas tudo estaria resolvido rapidamente.


Não defendo que a falta de informação seria uma benção mas em certas horas ajudaria muito.

Para o trabalhador rural não faz a menor diferença saber do acordo que o Brasil fez com o Japão para a nova tecnologia de televisão digital. Não vai mudar um milímetro sua vida. O importante para seu dia-a-dia é a previsão do tempo, as estações do ano e o preço da produção. Informações que salvariam sua safra mas que também para um ser urbano não tem o menor impacto.


Qualquer jornal televisivo reserva pelo menos metade de seu tempo noticiando casos violentos em detalhes. Se eu fosse um delegado ou um pesquisador do IBGE talvez precisasse deste tipo de informação. Não é o caso. E também não é desinteresse por saber. Apenas quero poder selecionar.


Informação é essencial para quem precisa. Mas provavelmente uma boa parte de nossa vida receberemos informações completamente inúteis. Nós vivemos uma era que a velocidade e o volume de dados é impressionante. Somos diariamente bombardeados por volumes monstros de informação que filtrados não sobraria nem um por cento que realmente importa. Nosso cérebro trabalha a vida inteira organizando e catalogando imagens, textos, palavras inúteis para um dia ser totalmente deletado.


Ter acesso aos dados disponíveis é uma ferramenta poderosa do ser humano. Saber selecionar o que importa é o grande segredo.

Sou a favor do saber, desde que eu precise dele. William Bonner que me desculpe, mas tenho mais o que fazer.

By Marcelo Passerini.
marcelo@passerini.com.br

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