sexta-feira, 3 de julho de 2009

Coleções ou Manias?

Sábado, acordo cedo. Muita coisa acumulada da semana a fazer. Um banho rápido combinado com um café forte me põe em pé. Ligo o computador e antes de começar escolho calmamente qual o relógio que irei usar neste dia nublado. Opto por um Tissot Automático Incabloc 1974. Com ele devidamente alinhado no pulso começo o trabalho.

Dotado de apenas um pulso esquerdo não consigo usar mais de um relógio de cada vez. Apesar disso tenho relógios suficientes para abastecer um micro ônibus cheio de gente.

Coleções ou manias? O que leva um ser humano a acumular itens de uma mesma categoria? Racionalmente o ato de colecionar é um desperdício enorme de tempo e dinheiro.

Tenho certeza que todos já colecionaram algum item em alguma fase da vida. Quando crianças, pedrinhas do pátio da escola, antes da adolescência, álbuns de figurinha, tampinhas de garrafa, quando jovens, entrada de show de rock, flâmulas de time de futebol, latas de cerveja de vários tipos. Já não tão jovem, canetas antigas, relógios e, para alguns, carros.

A graça em colecionar não é apenas em acumular itens em ações solitárias, o que vale é a interação com pessoas que compartilham a mesma paixão e interesse no assunto. Trocar algo que já não interessa por algo mais raro ou inusitado. Voltamos a ser crianças nos pátios de colégios trocando figurinhas.

Não importa quantos itens já compõe uma coleção, ela nunca será completa. No momento estou atrás de um Tauchmeister alemão, quem sabe mês que vem consiga finalmente um Tissot PR200 e, um dia, um IWC Aquatimer.

Para os olhos de um leigo, nós somos eternos insatisfeitos, nunca plenamente contentes com uma aquisição, sempre discutindo onde conseguir novas peças. Esta é a graça de uma coleção. Uma novela sem fim sempre sem saber as cenas dos próximos capítulos.

O que leva um ser humano racional a manias como estas? Qual a justificativa para isto? Não sou psiquiatra para analisar o cérebro humano de um colecionador, mas, acredito que qualquer coleção é o tempero na salada que é nossas vidas.

O tempo melhora, de nublado a ensolarado. Levanto calmamente, tiro o Tissot do pulso e resolvo por um Aeromatic 1912 Aviador. Me parece mais apropriado para o resto do dia.

By Marcelo Passerini

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