sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Casamento

Uma colega do escritório irá casar nas próximas semanas. Até eu que não sou de seu departamento já estou familiarizado com problemas com floristas, buffets e afins.

Alguns dias atrás perguntei como estava o noivo, virou-se espantada e indagou:

- Quem?

- O noivo, disse. Aquele com quem vai casar.

- Ah sim, ele vai bem.....

Lembro da minha experiência em cima de um altar, a importância do noivo é inversamente proporcional ao arranjo de flores à esquerda. Quanto mais suntuoso o arranjo maior a chance dele se fundir com a paisagem e sumir.

Já a noiva é uma outra história, a começar pelo vestido. No mínimo um ano de preparações. Duzentas opções de escolha, inúmeros testes e provas para analisar se o mesmo veste perfeitamente. Regimes insanos para caber no mesmo.

Com o noivo é mais simples, veste esta beca aí, encolhe a pança e faz cara de feliz ok?

– Ok, diz ele.

O casamento é coreografado nos mínimos detalhes, os convidados chegam, são gentilmente direcionado para regiões pré-determinadas. O Rolls Royce com a noiva chega com elegantes quinze minutos de atraso. O pai está em um local junto a porta de entrada aguardando. O mestre de cerimônia com seu Walkie Talkie coordenando tudo.

As trombetas começam, os padrinhos em pares em passos cadenciados se posicionam estrategicamente ao lado do altar.

Novo troar de trombetas, fotógrafos se agitam, chegou o grande momento, a noiva se prepara para a corrida mais lenta de sua vida, as portas se abrem....

E o noivo? Continuará parado ao lado do vaso tentando lembrar as instruções que foram passadas um minuto antes.....

Finalmente o casamento!

O padre em sua benevolência santa começa seu discurso, a lâmpada da filmadora começa lentamente a derreter os noivos. Ledo engano pensar que os noivos supostamente desmaiam de emoção, ninguém merece ficar com uma lâmpada na cara que mais parece uma sauna.

Findo o discurso santo, começam os cumprimentos de padrinhos, a noiva chora emocionada, o noivo abraça um por um não por emoção, está tão cansado que os longos abraços servem apoiar e recuperar um pouco do fôlego.

Acabou o protocolo, começa a festa. O teor etílico na cabeça dos convivas impedirá lembranças posteriores. Somente semanas mais tarde com a revelação e edição do filme os noivos terão real dimensão do fato.

Aí será tarde, o noivo, agora marido, estará de chinelos de dedo, refestelado no sofá, com uma cerveja na mão, assistindo a um clássico futebolístico e a noiva, agora esposa, estará se acabando na cozinha com um bolo de chocolate.

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